Seleção vence amistoso como deve ser: com autoridade e coletivamente

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Os mais exigentes dirão, não sem dose de razão, que a seleção brasileira “não fez mais do que a obrigação” ao jogar bem e vencer Honduras com tranquilidade, por 7 a 0, neste domingo, 9, diante de um público pequeno no Beira-Rio, em Porto Alegre. De fato, o último “teste” antes da Copa América não foi dos mais complicados, mas há de se ressaltar a evolução do Brasil – que há quatro dias venceu Catar sem o menor brilho – e, sobretudo, a leveza e eficiência do jogo coletivo do time. Cravar se o time jogaria melhor ou pior com Neymar em campo seria um mero exercício de adivinhação, mas é fato que a seleção não sentiu falta alguma de seu badalado, lesionado e enrolado camisa 10. E que o ambiente ficou bem mais arejado.

O baixíssimo público de 16.521 torcedores, que pagou de 80 a 450 reais para ver a seleção, foi brindado com uma atuação irretocável, tanto da ala experiente do time – Daniel Alves, Filipe Luis e Thiago Silva ajudaram não apenas com segurança na defesa, mas contribuíram no ataque; os laterais com assistências e o zagueiro com um gol de cabeça – quanto dos rápidos e jovens atacantes.

Sem Neymar, Tite optou por um trio de ataque formado por três atletas de 22 anos. E Richarlison e Gabriel Jesus, com dois gols cada, e David Neres, com uma bola na rede, não desperdiçaram a oportunidade. Com eles, o time também é rápido e driblador (qualidades marcantes de Neymar), mas é mais coletivo, leve e com mais fome.

Quem também deixou ótima impressão foi Philippe Coutinho, que atuou mais avançado, bem perto do trio de ataque, e marcou um gol, de pênalti, e ainda mandou duas bolas na trave em chutes da entrada da área. Na ausência de Neymar, o meia que vem de temporada ruim no Barcelona passa a ser a peça mais badalada do time.

A expulsão do hondurenho Romell Quioto, ainda no primeiro tempo, por entrada em Arthur, que saiu machucado, transformou um jogo que já era fácil em um “jogo-treino”, com espaço para dribles e jogadas de efeito. No segundo tempo, destaque para o primeiro gol de David Neres pela seleção adulta. O jogador do Ajax, que vinha tendo atuação tímida, disparou em velocidade e, com extrema categoria, tocou na saída do goleiro Luís Lopez.

Roberto Firmino, que entrou no lugar de Gabriel Jesus, ainda marcou o quinto em toque de classe. Tite já avisou que o atacante do Liverpool deve ser o titular na Copa América e que começou no banco neste domingo por questões físicas. No entanto, o técnico estimula a “competição leal” com Gabriel Jesus, que saiu bastante aplaudido pela torcida.

Por sinal, os gaúchos, conhecidos como um público exigente, passaram a maior parte do jogo em silêncio, mas  com as jogadas de efeito do time e também protagonizaram um pequeno “Grenal nas arquibancadas”, especialmente quando o gremista Everton entrou em campo, para aplausos de tricolores e vaias de colorados. O goleiro Alisson, de volta à sua antiga casa, e o gaúcho Tite, também receberam bastante carinho dos fãs.

De forma geral, o Brasil entra bem para a Copa América, com um time em evolução e agora com bom ambiente, longe das páginas policiais. Os desafios no torneio em casa, no entanto, serão bem mais complexos, contra times fortes e atletas renomados, como Lionel Messi, Luis Suárez e companhia. Contra Honduras, o Brasil fez o que se esperava dele e que nem sempre o time consegue fazer: ganhar com autoridade. Na Copa América, o objetivo é um só: voltar a vencer o torneio depois de 12 anos.

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