Enem 2019: confira cinco dicas para produção de uma boa redação
Nos dias 3 e 10 de Novembro, será aplicado o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Dividido em duas etapas, o primeiro dia conta com 90 questões das áreas de Humanas e Linguagens e Códigos e uma proposta de redação. No segundo dia, o foco serão as questões de Ciências da Natureza e Matemática. A produção de texto, sozinha, representa até mil pontos da prova, sendo, então, uma importante fase do exame. Logo, a construção de uma redação clara, com aplicação de conceitos e argumentação, é essencial. Para isso, Cícero Gomes, do departamento de Inovação Pedagógica da Evolucional, startup de educação baseada em dados e que aplica o simulado do Enem, explica melhor sobre as competências escritas exigidas.
1) Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita
Uma escrita cuidadosa, em aspectos de ortografia e acentuação, é valorizada nessa etapa. Mas, assim como a maioria dos vestibulares, o Enem se importa mais com o conjunto da obra do que com a contagem de problemas específicos. O cálculo da pontuação final do texto leva em consideração uma capacidade de escrita acima do comum. Então, um conteúdo bem escrito, sem erros gramaticais, merece nota média, não nota máxima.
Para conseguir notas mais altas, além de ter poucos erros, o candidato precisa ter ganhos, que podem ser obtidos com o uso de estruturas complexas e variadas (como orações coordenadas e subordinadas, por exemplo). Quanto aos erros, a existência de alguns deles é tolerada no nível 4 (que equivale a 160 pontos), mas, no nível máximo, o candidato pode apresentar, no máximo, dois desvios.
Pontos de atenção:
Convenções da escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas.
Gramática: ausência de informalidade e marcas de oralidade.
Registro: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, paralelismo, regência verbal e nominal e colocação pronominal.
Vocabulário: precisão do vocabulário empregado quanto ao sentido e ao contexto de uso.
2) Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento
A compreensão do tema e o uso adequado da estrutura dissertativa-argumentativa são os dois critérios avaliados nesta competência. O Enem apresenta uma proposta temática, sempre baseada em um problema social da atualidade, que aparece de forma explícita na chamada frase-tema. Por isso, possuir um repertório sociocultural e estar atento às novidades é fundamental. É necessário que o candidato traga informações, análises e conceitos externos para o desenvolvimento das ideias no seu projeto.
Quanto à estrutura textual, é obrigatório respeitar os limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. A redação precisa ter três partes claramente definidas: introdução (em que serão apresentados o tema e a tese do texto), argumentação (em que as ideias serão desenvolvidas) e conclusão (em que será feita uma proposta de intervenção para minimizar o problema discutido).
3) Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
O candidato será avaliado de acordo com sua capacidade de organizar as ideias presentes no texto de maneira lógica. Ou seja, será verificado se as informações, opiniões e argumentos desenvolvidos no texto trabalham em conjunto para defender a tese que o autor definiu. A produção deve possuir uma ideia principal desenvolvida do começo ao fim, sem argumentos contraditórios.
Para atingir as pontuações mais altas (níveis 4 e 5), além de uma redação com projeto e sem contradições, os corretores irão procurar por autoria. Para a grade de correção, isso significa um domínio do autor do texto sobre suas ideias. Portanto, um texto com autoria é aquele em que cada ideia colabora com o todo de forma organizada.
4) Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação
Está relacionada à coesão textual, ou seja, à ligação entre as palavras, os períodos e os parágrafos dentro do texto. Os avaliadores irão verificar se o autor fez uso de recursos coesivos, como conjunções e pronomes, para garantir a conexão entre as partes da redação. Logo, o candidato deve se esforçar para construir o texto de maneira que cada parágrafo faça referência ao anterior. É importante também que haja conexão entre os períodos. Alguns desses elementos, são muito valorizados os operadores argumentativos, como porém, além disso ou portanto.
5) Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural
Esta competência é a que diferencia o exame de todos os vestibulares tradicionais. Trata-se da Proposta de Intervenção, obrigatória em todos os temas do Enem . Para conseguir uma boa pontuação neste critério, é importante que o candidato elabore cinco elementos (cada um deles vale um nível na nota): agente, ação, meio, finalidade e detalhamento.
O agente é compreendido como a pessoa, grupo ou instituição que irá colocar a proposta em prática. Por exemplo, o governo federal é um agente, assim como a mídia, as escolas e ONGs. É fundamental que a proposta diga claramente quem será o agente responsável, evitando construções vagas como “alguém”.
Quanto à ação, os avaliadores do Enem esperam uma ideia concreta, que ajude a minimizar o problema discutido. Por exemplo “destinar mais recursos à área tal” ou “criar escolas especializadas para atender a esse público”. Não confunda com a finalidade: “acabar com o preconceito contra surdos” não é uma ação, mas um objetivo. A ação precisa ser algo imediato, como, por exemplo, “oferecer cursos para explicar a importância do respeito aos surdos”.
No quesito meio, a correção vai se dedicar a investigar a forma como a ação deve funcionar. Por exemplo, a ação “informar as pessoas sobre as fake news” pode ser realizada “por meio de cursos e palestras com jornalistas experientes em escolas públicas”. O uso da expressão “por meio” ajuda o corretor a encontrar esse elemento no texto.
Na finalidade, espera-se que a medida aponte claramente os efeitos esperados com a ação. Note que uma ideia que não vale como ação vale como finalidade. Por exemplo, “criar um país mais solidário” é uma finalidade válida, ainda que não seja adequada como ação.
Por fim, o detalhamento significa que ao menos um dos elementos acima deve ter uma explicação mais pormenorizada.