“Covid longa” pode ter 203 sequelas e afetar trabalho e sexo
Mesmo depois da cura, a covid-19 pode manter por meses pelo menos 203 sequelas associadas a dez sistemas do corpo humano. É o que conclui o maior estudo até agora sobre a chamada “covid longa”, publicado pela revista científica EClinicalMedicine, da The Lancet.
A pesquisa do Imperial College London monitorou 3.763 indivíduos de 56 países infectados pelo novo coronavírus entre setembro e novembro de 2020 e indica que 96% relataram sintomas persistentes além de 90 dias; 65% apresentaram sequelas por pelo menos 180 dias e apenas 233 pacienes recuperaram-se completamente. Como a resposta imunológica ao vírus varia de acordo com cada organismo, ela pode causar danos diversos ao corpo.
Entre os sintomas estão: perda de memória, disfunção cognitiva e sexual, palpitações cardíacas, problemas no controle da bexiga, visão turva, diarreia, alterações no ciclo menstrual, coceira, tremores, alucinações visuais, entre outros. Os cientistas afirmam que 66 sintomas foram perceptíveis por seis meses, sendo os mais comuns cansaço, mal-estar físico e mental e dificuldade de pensamento, chamada de “névoa cerebral”.
A grande maioria dos pacientes (91%) monitorados levaram mais de 35 semanas para se curarem completamente. Disfunções cognitivas afetaram 88% dos pacientes de todos os grupos etários, o que pode gerar dificuldades no trabalho.
“Por sete meses, muitos pacientes que ainda não se recuperaram totalmente, principalmente de sintomas neurológicos e cognitivos, não retornaram aos níveis de produtividade no trabalho anteriores à doença”, afirma uma das autoras do estudo, Athena Akrami. “A capacidade reduzida de trabalho devido a disfunções cognitivas são traduzidas em perda de habilidade para trabalhar”.
Apesar dos diversos sintomas observados, a cientista acredita que ainda existam outras consequências da Covid-19 ainda não constatadas. “É provável que haja dezenas de milhares de pacientes com covid longa sofrendo em silêncio sem ter certeza de que seus sintomas estão ligados à covid-19”.