Ex-diretor de hospital em Jacobina diz que cirurgia feita por técnico não é caso isolado

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Após viralizar nas redes sociais, um vídeo em que um técnico de enfermagem aparece realizando uma cirurgia de amputação, no Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho (Hats), em Jacobina, o ex-diretor da unidade se pronunciou afirmando que este não foi um caso isolado.

Conhecido como Tuca, o ex-gestor e médico Manoel Inácio Paz Júnior, revelou que o técnico realizava cirurgias com frequência no Hats. Ao descobrir a irregularidade, ele proibiu o funcionário de realizar procedimentos cirúrgicos, afastou o médico por uso excessivo de medicamentos – que o impediam de trabalhar – e denunciou o caso ao prefeito de Jacobina, Tiago Dias (PCdoB).

Mesmo após saber o que estava ocorrendo na unidade, o prefeito, de acordo com Tuca, o surpreendeu com a resposta: “Se o técnico consegue fazer a cirurgia às vezes é até melhor que o próprio médico”, contou o ex-diretor em entrevista à Rádio Clube FM, do município, ontem (09). Ainda assim, os afastamentos foram levados a diante.

No entanto, após seu pedido de demissão, feito juntamente com sua filha, a médica Dra. Manuela, que aconteceram em solidariedade aos colegas que foram mandados embora em uma demissão em massa, os procedimentos irregulares voltaram a acontecer. “É um fato que eu já tinha conhecimento, de que técnico faria cirurgia no hospital. Quando eu fui diretor, fatos graves ocorreram, casos de polícia. Um caso era este”, afirmou Tuca.

A prefeitura afirmou lamentar as declarações do ex-diretor e apontou ter dúvidas quanto a sua motivação de ir a público.“Ele não pediu para sair da direção, ele foi substituído. Não pela gestão, mas sim pela nova instituição que assumiu a gestão do Hospital. […] Também nos causa dúvidas se são falas de um profissional que não agiu como manda o rigor ético profissional na posição de diretor […] ao registrar as supostas faltas e falhas de conduta de profissionais que ele alega, ou se são afirmações motivadas por sua saída da direção do hospital”, diz a nota.

O Instituto Vida Forte, é a empresa que administra a unidade há menos de um mês. A contratação se deu de maneira emergencial, para substituir a Fundação José Silveira, antiga administradora. Neste período, houve uma série de demissões por parte da nova empresa, que afetaram desde técnicos de enfermagem até o setor de limpeza.

Família comenta caso – Na terça-feira (08), dia em que o vidro foi divulgado, o prefeito de Jacobina publicou em suas redes sociais, dois áudios descritos como um “pronunciamento dos familiares do paciente”. Na gravação, um homem, chamado João Paulo, se apresenta como irmão da vítima e afirma que o rapaz já chegou no hospital com a perna amputada, devido a gravidade do acidente de moto que havia sofrido.

Já no segundo áudio – de 2,5 minutos – sem se identificar, uma mulher se apresenta como irmã do paciente e, assim como João Paulo, diz que ele chegou sem a perna, que o médico passou mal no momento da cirurgia e o técnico de enfermagem “fez apenas finalizar a perna do meu irmão”, descreve a gravação.

Em nota, o Instituto Vida Forte que está apurando o fato por meio de sindicancia e que “Todas as medidas de apuração já foram imediatamente iniciadas. Nosso compromisso é com o bem-estar e saúde do paciente e, por isso, toda e qualquer medida necessária será tomada”, diz o texto.

Relembre o caso – Imagens gravadas no Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho (HATS) denunciam a realização irregular de uma cirurgia. No vídeo, o procedimento de amputação de uma perna aparece sendo feito por um técnico de enfermagem, e não pelo médico.

Enquanto o cirurgião apenas observa o colega de trabalho, com uma mão na cintura e a outra no bolso, ambas sem luva, o técnico de enfermagem sutura a perna do paciente já amputada.

Na tentativa de ajudar o colega, outros profissionais também aparecem ao redor do técnico, na gravação feita no último sábado (5), e divulgada nesta terça (8), pelo Jornal da Clube, da Rádio Clube FM de Jacobina.

Em nota, a prefeitura da cidade informou que a Secretária Municipal de Saúde abriu um processo administrativo para apurar o caso. Para isso, o Instituto Vida Forte – responsável pela administração do hospital – foi acionado para prestar esclarecimentos preliminares sobre o ocorrido.

“Caso sejam comprovadas irregularidades ou desconformidades do ponto de vista das diretrizes médicas hospitalares, todas as medidas administrativas e jurídicas cabíveis serão prontamente adotadas”, garante o texto, que também afirma ter solicitado a íntegra do vídeo que denuncia a ação.

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