Sem alarde, Bolsonaro acumula fortuna em presentes oficiais

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Ao todo, são 19.470 itens, segundo uma lista elaborada pela Presidência para atender a pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação. Parte dos presentes lhe foram entregues por empresários, populares, autoridades nacionais e estrangeiras mas, como não há detalhamento de valores, não foi possível identificar outros eventuais itens de alto valor comercial.

Por Redação – de Brasília

Além dos R$ 16,5 milhões em joias, somados aos mais de R$ 400 mil em outro pacote luxuoso com origem na Arábia Saudita, o ex-presidente Jair Bolsonaro coleciona itens valiosos em seu patrimônio, sem fazer alarde. Ao longo dos quatro anos em que permaneceu no governo, o ex-mandatário neofascista acumulou 44 relógios, 74 facas, 54 colares, 112 gravatas, 618 bonés, 448 camisas de futebol e 245 máscaras de proteção facial; além de um fuzil, uma pistola, munição e colete à prova de balas.Em uma de suas apresentações ao vivo, pela internet, Bolsonaro exibiu a arma recebida de um príncipe saudita© Fornecido por Correio do Brasil

Ao todo, são 19.470 itens, segundo uma lista elaborada pela Presidência para atender a pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação. Parte dos presentes lhe foram entregues por empresários, populares, autoridades nacionais e estrangeiras mas, como não há detalhamento de valores, não foi possível identificar outros eventuais itens de alto valor comercial. Há, por exemplo, mais artigos oriundos do governo da Arábia Saudita, mas a relação disponível não possibilita saber detalhes como a grife, os materiais utilizados e os preços de mercado.

O acervo privado do presidente da República, de acordo com a legislação, pode até ser vendido, desde que respeitado o direito de preferência da União após avaliação de eventual interesse público. Na véspera, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes proibiu que Bolsonaro use ou venda os artigos enviados a ele como presentes pelo governo saudita e entregues ao chefe comitiva, o ex-ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.

Outro lote

Os presentes dos sauditas incorporados ao acervo pessoal do ex-presidente são parte de um estojo com relógio, caneta, abotoaduras, um tipo de rosário e anel da marca de luxo suíça Chopard. Além disso, outro lote de joias, avaliado em mais de R$ 16 milhões (incluindo colar, brincos, anel e relógio), também foi enviado ao Brasil por meio da comitiva liderada por Bento Albuquerque.

Mas esses itens encontram-se apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP) e, por isso, não chegaram a ser incorporados ao acervo pessoal de Bolsonaro. O grosso do material do acervo foi retirado dos palácios da Alvorada e do Planalto em caminhões de mudança durante o mês de dezembro. Parte está guardada num galpão, em Brasília.

Quanto ao fuzil e à pistola – dados a ele por um dos príncipes dos Emirados Árabes, em outubro de 2019 – foram recebidos já no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), pouco antes de levantar voo. São igualmente itens valiosos, muito acima do permitido pela legislação para incluir entre seus bens personalíssimos. O caso foi revelado pelo jornalista Guilherme Amado, do diário brasiliense ‘Metrópoles’, nesta sexta-feira.

Juntos, os dois itens somam mais de R$ 50 mil, segundo avaliação da própria equipe do então presidente. O fuzil, disseram integrantes da comitiva ao jornalista, é personalizado com o nome do ex-presidente. A manutenção dos itens de alto valor no acervo pessoal – assim como no caso das joias – ferem o acórdão do Tribunal de Contas da União.

Segundo o site, Bolsonaro recebeu o presente já a bordo do avião da Força Aérea das mãos de um enviado do príncipe. De acordo com os relatos, ele teria se animado com o item, que foi então embarcado e integrado ao acervo pessoal de Bolsonaro, no Brasil.

Relógios

Nesta mesma viagem, integrantes da comitiva presidencial – que passou 10 dias no Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes – receberam relógios de luxo das marcas Hublot e Cartier, avaliados naquela ocasião em até R$ 53 mil.

Na semana passada, o TCU determinou a devolução dos relógios. Na decisão, a corte entendeu que “o recebimento de presentes de uso pessoal com elevado valor comercial extrapola os limites de razoabilidade”. Para o tribunal, os relógios apresentam “potencial conflito de interesses” dado ao seu alto valor de mercado. A decisão foi tomada com base em um pedido do deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

Como as armas recebidas por Bolsonaro têm valor de mercado semelhante aos relógios, em tese, devem seguir o mesmo caminho determinado pelo TCU no dia 1º de março deste ano.

Correio do Brasil

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