Especialistas alertam para importância da vacina BCG na luta contra tuberculose
A marquinha no braço de muita gente tem nome e sobrenome desde o século XX. A Bacilo Calmette – Guérin, mais conhecida como vacina BCG, desempenha um papel crucial na prevenção da tuberculose e, desde então, tem sido um importante imunizante na luta contra a doença.
É de fundamental importância que a BCG seja administrada em recém-nascidos, preferencialmente nas primeiras horas de vida para maior eficácia, mas é possível que seja aplicada até os quatro anos de idade em crianças que não tenham tido contato com pessoas infectadas com a doença. Esta vacinação precoce é essencial, pois confere proteção contra as formas mais graves da tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar, que podem ser fatais.
“A vacinação possui algumas restrições que podem ser temporárias, como a criança que nasce com menos de 2 kg, sendo necessário adiar e aguardar o peso ideal para ministrar o imunizante, ou definitivas como portadores de imunodeficiência adquirida ou congênita. É importante que as mães e pais fiquem atentos às reações que podem existir, como febre, dor ou pequeno nódulo no local da aplicação”, informa a médica pediatra Dra. Rhamai Carneiro, que também atua como professora do curso de Medicina da Unex – Centro Universitário de Excelência em Feira de Santana.
Com o passar dos anos, a vacina BCG passou por diversas mudanças e aprimoramentos, tanto na composição quanto nas estratégias de aplicação. Inicialmente, havia uma preocupação com os efeitos colaterais e a eficácia da vacina, mas os avanços científicos e tecnológicos permitiram a produção de versões mais seguras e eficientes. Atualmente, a vacina é considerada segura, com efeitos adversos mínimos e temporários.
Uma das características mais conhecidas da vacina BCG é a famosa cicatriz que ela deixa no braço. Embora alguns possam considerar essa marca como uma imperfeição estética, ela, por muitos anos, foi considerada como um sinal positivo de que o corpo respondeu adequadamente à vacina. “Por muitos anos tivemos essa mentalidade de que caso a vacina não tivesse deixado a marca no braço, ela não seria eficaz na proteção contra a tuberculose. Por muitas vezes ela também foi reaplicada sem necessidade, mas desde 2019 o Ministério da Saúde não recomenda mais tal ação. No entanto, a ausência da cicatriz não necessariamente significa falta de imunidade, já que algumas pessoas podem não desenvolver a marca, mas ainda assim estão protegidas”, informa Dra. Rhamai.
Apesar dos aprimoramentos, os estudiosos ainda ressaltam que a eficácia da vacina, ao longo dos anos, vai diminuindo. Segundo publicação de um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz na revista britânica The Lancet – Infectious Diseases, a eficácia da vacina na fase adulta é incerta, assim como a revacinação para prevenir infecção pelo Mycobacterium tuberculosis.
Embora ela ofereça proteção apenas para as formas mais graves da doença, a sua utilização é amplamente conhecida e aprovada por diversos profissionais. Além disso, a BCG tem mostrado efeitos benéficos muito além do esperado, como a capacidade de estimular o sistema imunológico de maneira geral, o que pode conferir proteção contra outras infecções como septicemia e herpes.
Recentemente, a comunidade científica tem investigado novas aplicações e melhorias na vacina BCG, a sua atuação em indivíduos infectados com a Covid-19, além de pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novas vacinas contra a tuberculose, que possam complementar ou substituir a BCG no futuro, oferecendo proteção mais ampla e duradoura.