Debandada de prefeitos para o governo Jerônimo preocupa Neto e oposição para 26
A debandada recente de prefeitos do grupo de oposição para a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), movimento intensificado nas últimas semanas, tem ligado o sinal de alerta nos aliados de ACM Neto (União Brasil), e preocupado seu entorno sobre o desempenho de uma nova candidatura ao Palácio de Ondina em 2026.
Nos últimos dias, alguns gestores municipais que estavam do outro lado no tabuleiro político local, em 2022 e 2024, já anunciaram ou sinalizaram que podem migrar para o grupo governista estadual.
Na campanha de 2022, quando o PP anunciou o apoio a Neto, após mais de uma década de aliança com o bloco que governa o Estado, parte dos prefeitos decidiu se manter na base do então governador Rui Costa (PT), hoje ministro-chefe da Casa Civil, e apoiar Jerônimo, vitorioso no pleito.
Desde o final de 2024, após as eleições municipais, o Palácio de Ondina tem avançado para atrair prefeitos que estavam na oposição ou em condição de neutralidade. A movimentação tem sido coordenada pelo novo secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), de acordo com fontes ligadas a Jerônimo.
Entre os nomes recentes que já sinalizaram adesão ao governo, estão os prefeitos de Guanambi, Nal Azevedo (Avante); Paulo Afonso, Mário Galinho (PSD); Buritirama, Dr. Léo (MDB); Nilo Peçanha, Jacque Soares (Podemos); Brejões, Rick de João Lulu (Avante); e Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB).
Os prefeitos de Cruz da Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), e Jequié, Zé Cocá (PP), também são cortejados e podem se alinhar ao governo.
Reeleito prefeito de Jequié com 91,97% dos votos, a maior porcentagem do país em 2024, Zé Cocá foi recebido por Jerônimo na última semana. O encontro, que ocorreu para discutir as demandas da cidade e de municípios vizinhos, também abriu brecha para uma reconciliação política entre o prefeito e a base governista.
Ednaldo Ribeiro, novo presidente do Consórcio do Território do Recôncavo (CTR), também tem se aproximado do governo. Nos últimos anos, o prefeito esteve ao lado de Neto e de João Roma (PL), mas tem sido ‘levado’ por Vitor Azevedo (PL), deputado estadual e ex-chefe de gabinete de Roma, para o núcleo liderado por Jerônimo Rodrigues. A negociação foi confirmada por nomes ligados a Ednaldo, sob anonimato.
O distanciamento de Neto dos prefeitos e ex-prefeitos, logo após a derrota para Jerônimo em 2022, também tem pesado para a debandada. Em condição de anonimato, deputados e gestores municipais afirmam que o vice-presidente nacional do União Brasil não procurou mais a maioria dos nomes que estiveram no seu palanque na eleição.
Questionado, Zé Cocá confirmou que conversou apenas uma vez com ACM Neto desde a sua derrota. “Só falei com ACM Neto uma vez depois da eleição para cá […] Eu converso muito com Cacá (Leão), mas com Neto nunca tive. Conversei até por telefone, mas presencialmente, não”, pontuou.
Diferente de Cocá, outros prefeitos reclamam nos bastidores da pouca atenção dada por Neto. Com o avanço de Jerônimo aos gestores, aliado ao resultado das últimas eleições municipais, quando o governo elegeu mais de 300 gestores, o político soteropolitano deve chegar em 2026 sob o risco de ter menos de 100 apoios municipais, o que deve refletir em um cenário ainda mais difícil. * Com informações do ATarde