A Bahia terá até 2025 para ampliar em 1h a carga horária de aulas do Ensino Médio. A mudança é uma determinação do Ministério da Educação (MEC) e vale para todo o país. Ela faz parte das alterações do Novo Ensino Médio. Em nota, o MEC informou que elas valem também para os Institutos Federais de todo o Brasil.
“A lei 13415/2017 aprovou a reforma do ensino médio, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no que se refere a carga horária do ensino médio, ampliando de 2400 para 3000 horas e estabeleceu uma nova estrutura curricular para essa etapa do ensino”, diz a nota.
No total, serão destinadas 1800 horas para formação comum e, no mínimo, 1200 para outras atividades que serão escolhidas pelos próprios estudantes. O foco deverá ser uma das áreas do conhecimento ou a formação técnica profissional.
O MEC informou que não exigiu dos estados cronograma com percentuais de escolas adequadas ao novo modelo ano a ano, mas todos devem cumprir 100% da mudança até 2025.
Na semana passada, quando divulgou a notícia da ampliação da carga-horária, o Correio repercutiu o assunto com alguns especialistas. Na ocasião, a doutora em Educação e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Rosemary Oliveira, defendeu que, mais do que a ampliação da carga horária, é preciso que haja uma mudança na formulação das aulas.
“O problema da educação no Brasil é estrutural. A gente pode falar do Ensino Médio, mas ele vem desde como a gente pensa o que é a educação e a importância dela. Precisamos de investimento de verdade, capacitar os professores e repensar como essas disciplinas estão sendo trabalhadas nas escolas”, ponderou, em entrevista ao Correio, na semana passada.
Ela afirma que as pesquisas mostram também que falta criticidade nos estudantes brasileiros, mas acredita que esse déficit é provocado pelo excesso de conteúdo que precisa ser trabalhado em sala de aula. Ela defende que os estudantes devem passar mais tempo em sala, mas fez algumas considerações.
“O certo seria que os alunos ficassem o dia inteiro na escola, então, essa ampliação poderia ajudar nesse sentido, mas como é que vai ser distribuído esse tempo? Os professores que estarão essa 1h a mais vão usar dos mesmos métodos de ensino? O que eu tenho visto dessa ampliação é formação para empreendedorismo”, acrescenta.
Já a professora de pedagogia da Rede FTC Carla Bianca Chagas, que também leciona em escolas públicas, atribui o resultado pífio do ensino médio à falta de estrutura das escolas. E enfatiza que a deficiência no aprendizado aparece no ensino superior e reflete no mercado de trabalho.
“Em muitas escolas faltam material de trabalho e as condições são precárias. Isso desestimula os estudantes e reflete no desempenho e, mais tarde, nos profissionais. Não adianta manter 40 alunos em uma sala sem ventilador por mais uma hora, porque o aproveitamento será comprometido. A questão é o que vai ser oferecido ao estudante nessa 1h a mais, além de conteúdo programado”, defendeu.