QUEM É O EX-CAPITÃO DA PM ACUSADO DE SER UM DOS MAIORES MATADORES DE ALUGUEL DO RIO

No último dia 29 de agosto, o perfil oficial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Facebook postou uma foto da turma formada no Curso de Operações Especiais (Coesp) no ano 2000. “Só os fortes sobreviveram”, diz a legenda da imagem, que mostra os alunos perfilados após o final do curso, em Itaipava, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Na foto, é possível ver oficiais que chegaram à cúpula da Polícia Militar, como o coronel Alberto Pinheiro Neto, que já foi comandante-geral da PM e é o instrutor da turma, e o tenente-coronel Maurílio Nunes, atual comandante do Bope, que era aluno à época. “Completos de corpo e alma!”, comentou um usuário. “Parabéns aos verdadeiros heróis nacionais!”, escreveu outra pessoa.

No entanto, nem todos os integrantes do grupo que posam para a foto são motivos de orgulho para a corporação. O segundo da direita para a esquerda, de joelhos e olhando fixamente para a câmera, é o ex-capitão da PM e “caveira” Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de ser um dos maiores matadores de aluguel do Rio. Desde fevereiro, o ex-PM está foragido, após a Justiça decretar sua prisão por integrar uma milícia que explora imóveis construídos ilegalmente na favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. Magalhães é um dos atiradores de elite formados pelo Bope.

Adriano (o segundo agachado, da direita para a esquerda) na foto de formatura do curso de operações especiais Foto: Reprodução

Maromba, como Adriano era chamado pelos colegas do Curso de Formação de Oficiais, entrou na PM em 1996 e sempre se destacou por seu porte físico. Alto, forte e atlético, o oficial sempre foi cotado para a tropa de elite, onde entrou apenas três anos após o ingresso na corporação. Após passar pelo Coesp, o interesse em armas levou o oficial a fazer dois cursos de tiro policial. Em agosto de 2001, quando ainda era tenente, Magalhães realizou um sonho: se formou no curso de atirador do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM de São Paulo. À época, a PM do Rio ainda não oferecia curso específico para atiradores de elite. Apesar do currículo, no Bope, Magalhães não é considerado um grande atirador de precisão.

“Ele entende muito de armas, sabe atirar com qualquer armamento. Mas não tinha a paciência e a precisão necessárias para ser um bom atirador. Ele era um homem de combate, de operação”, conta um contemporâneo do ex-capitão no batalhão.

O conhecimento adquirido na PM levou Magalhães para o mundo do crime: a fama de policial combativo levou o capitão a ser contratado como segurança por parentes do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho. O treinamento de atirador e o manuseio de armas foram fundamentais para que subisse na hierarquia do crime organizado. A partir de 2008, quando a família de Maninho passou a disputar o espólio criminoso do contraventor, Magalhães foi apontado como responsável por uma série de assassinatos relacionados à guerra. Em 2011, o então oficial, ainda na corporação, mas já fora do Bope, foi preso por um atentado num sítio no interior do Rio. Ao longo do julgamento, testemunhas voltaram atrás, e ele nunca chegou a ser responsabilizado pelo crime.

Após a expulsão da PM, em 2014, Magalhães caiu na clandestinidade e, segundo a polícia, virou chefe da maior quadrilha de matadores de aluguel do Rio, o Escritório do Crime — quadrilha envolvida no assassinato da vereadora Marielle Franco. Hoje, é investigado por uma série de homicídios ainda sem solução.

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