(FOLHAPRESS) – As redes sociais já estão repletas de usuários preocupados com sua saúde após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Entretanto, não há razão para pânico. Medidas simples, como a boa higienização das mãos, por exemplo, são eficazes como métodos preventivos.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) trabalha com as autoridades chinesas e especialistas do mundo todo para saber mais sobre esse vírus, como ele afeta as pessoas, como deve ser o tratamento e o que os países podem fazer para responder a essa crise. COMO O VÍRUS É TRANSMITIDO?
Coronavírus: acompanhe a cobertura completa
Provavelmente o novo coronavírus é transmitido através de tosse e espirro, assim como outros vírus respiratórios.
Os cientistas ainda estão tentando entender quão facilmente ele é passado para outras pessoas. Uma análise de uma família infectada publicada na revista médica Lancet sugere que o vírus passou de uma pessoa doente para outras seis; só duas delas tiveram contato com o doente inicial.
Segundo a OMS, a fonte primária do surto tem origem animal, e as autoridades de Wuhan disseram que o epicentro da epidemia era um mercado de peixes e animais vivos.
Mais tarde, ficou provado que o vírus se espalhou entre seres humanos que não tiveram contato com o mercado.
O Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças analisou 198 casos confirmados de infecção em Wuhan e descobriu que 22% das pessoas tiveram contato direto com o mercado de peixes e 32% tiveram contato com pessoas que estavam com febre ou tinham uma doença respiratória. Metade delas, porém, não teve contato nem com o mercado nem com qualquer pessoa doente. Dezesseis profissionais da saúde se infectaram ao cuidar de pacientes.
QUAL É O PERÍODO DE INCUBAÇÃO?
De dois a 14 dias.
QUAL É O PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE?
De uma forma geral, a transmissão viral ocorre apenas enquanto persistirem os sintomas. É possível a transmissão viral após a resolução dos sintomas, mas a duração do período de transmissibilidade é desconhecido neste caso. Durante o período de incubação e nos casos assintomáticos não há contágio.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, há casos assintomáticos e também infecções de vias aéreas superiores semelhantes ao resfriado (com coriza, febre e dificuldade para respirar) e até casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, com dificuldade respiratória. Radiografias do peito de pacientes infectados apontaram infiltrações nos pulmões.
Crianças, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves. No caso do covid-19, ainda não há relato de infecção sintomática em crianças ou adolescentes.
Como a China compartilhou com a comunidade internacional o sequenciamento do vírus, os países conseguem confirmar os casos de infecção pelo vírus covid-19.
Em caso de suspeita e de histórico de viagem para os países afetados, especialmente a China, é recomendável procurar um serviço de saúde.
COMO SE PROTEGER?
Segundo a OMS, as medidas protetoras gerais são:
- Lavar frequentemente as mãos usando álcool em gel ou água e sabão, especialmente após contato com pessoas doentes e antes de se alimentar;
- Quando tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com as mãos ou lenços descartáveis;
- Evitar o contato próximo com quem tiver febre e tosse;
- Em caso de febre, tosse e dificuldade para respirar, buscar ajuda imediata e compartilhar o histórico de viagens com os profissionais de saúde;
- Manter os ambientes ventilados;
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca.
Máscaras cirúrgicas podem ajudar a limitar o espalhamento de doenças respiratórias, mas por si só não são garantia de prevenção e devem ser combinadas com as medidas de higiene citadas acima, segundo a OMS.
A entidade aconselha o uso racional de máscaras para evitar desperdício, ou seja, usá-las apenas em caso de sintomas respiratórios, suspeita de infecção por coronavírus ou em caso de profissionais que estejam cuidando de casos de suspeita.
EXISTE TRATAMENTO?
Não há um medicamento específico para a infecção. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos, segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia.
Nos casos de maior gravidade com pneumonia e insuficiência respiratória, suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica podem ser necessários.
Após questionamentos de usuários das redes sociais, a OMS ressaltou que não é possível utilizar antibióticos para prevenir ou tratar infecção por coronavírus. Os antibióticos funcionam apenas contra bactérias.
MULTIVITAMÍNICOS, OZONIOTERAPIA E ‘SHOTS’ DE IMUNIDADE PROTEGEM DO CORONAVÍRUS?
Não. Os supostos tratamentos preventivos contra o novo coronavírus que circulam na internet não tem respaldo médico. O uso de multivitamínicos orais e injetáveis, azul de metileno e ozonioterapia são ineficazes.
Circula em grupos de Whatsapp vídeos de um suposto médico recomendando “imunomodulação com altas doses injetáveis de vitaminas D e C e aminoácidos” como forma de proteção, o que ele chama de “imunoshots” e diz ter respaldo da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
A entidade divulgou nota negando o respaldo e repudiando o suposto tratamento oferecido.
“Ainda não temos nenhum tratamento ou vacina que comprovadamente previna contra o coronavírus. Estão aproveitando dessa situação, da boa-fé das pessoas, para lucrarem em cima”, diz o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI.
POSSO ME CONTAMINAR COM PRODUTOS QUE VENHAM DA CHINA?
Não. A transmissão do coronavírus ocorre exclusivamente de pessoa para pessoa ou de animais para pessoas.
Segundo Nancy Bellei, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), mesmo durante a epidemia de Sars, causada por um coronavírus persistente no ambiente, não houve nenhuma recomendação para cuidados especiais com produtos que viessem de países onde tinha transmissão local.
POSSO ME CONTAMINAR AO ENTRAR EM CONTATO COM ALGUM OBJETO?
Não há riscos de contaminação a partir de objetos.