A jornalista Alana Rocha, do Jornal Gazeta FM, foi vítima de ataques transfóbicos e perseguição de um funcionário da prefeitura de Riachão do Jacuípe, na última segunda (1°). A apresentadora conta que, mesmo depois de prestar queixa, ainda foi ameaçada por áudios pelo rapaz. Até o momento, o funcionário, identificado como Maurício Mascarenhas, não foi localizado pela polícia.
Alana, que é uma mulher trans, conta ainda que os ataques foram motivados por um comentário que fez em seu programa. “Eu não deixo de falar de questões do município, e algumas pessoas se doem com isso”, disse a repórter. Segundo ela, houveram comentários caluniosos sobre sua família circulando pela cidade. A jornalista usou um tempo do programa para desmentir a fofoca e, sem citar nomes, chamou a pessoa de “puxa saco, fofoqueiro e vagabundo”.
No mesmo dia, à tarde, a apresentadora estava em sua casa quando o funcionário parou na porta e começou os xingamentos. Alana conseguiu gravar Maurício fazendo as ofensas. Nas imagens, o homem aparece parado em uma motocicleta, chamando-a de “vagabunda”.
Ao se dirigir à delegacia para prestar queixa, o rapaz continuou com as agressões verbais e iniciou uma perseguição ao veículo da repórter. Mais uma vez, Alana fez a gravação em vídeo do ocorrido. Ao voltar para casa, escoltada pela Polícia Militar, Alana ainda recebeu áudios com ameaças e comentários transfóbicos de Maurício Mascarenhas e posts ofensivos no Facebook da irmã dele.
De acordo com a jornalista, a polícia fez uma busca na área, mas não conseguiu pegar Maurício em flagrante. Até o momento, o rapaz não foi localizado para receber a intimação. “Enquanto ele não for encontrado para dar o depoimento, estarei temerosa”, conta Alana, que fez um post em suas redes sociais clamando por justiça.
A repórter diz que vem sofrendo perseguições de um grupo ligado à prefeitura de Riachão do Jacuípe há algum tempo. Atualmente, ela responde a cinco processos judiciais envolvendo funcionários e cidadãos da cidade. Para a jornalista, os processos caracterizam perseguição política e a impedem de realizar seu trabalho. “Isso me soou como um tentativa de me censurar, silenciar minha voz e me demover da apresentação do Jornal da Gazeta”, escreveu nas rede sociais.
Outro lado – Quem processa a profissional de imprensa, no entanto, afirma que se sentiu ofendido por declarações de Alana feitas em seu programa de rádio. É o caso, por exemplo, do secretário de Obras e Serviços Públicos do município, Cristovão Ferreira.
“Não existe perseguição à ela, mas a partir do momento em que ela fala inverdades na rádio precisamos buscar os meios para nos defendermos”, diz o titular da pasta de obras, que afirma ter sido ofendido por declarações da jornalista sobre seu trabalho na prefeitura. “Quando ela compartilha fatos, pede respostas, nós respondemos, quando ela compartilha fake news precisamos também agir”, acredita.
Também autora de uma queixa crime contra a jornalista, Fabrícia Oliveira, chefe de gabinete da prefeitura, diz que o processo movido por ela diz respeito a momentos em que se sentiu pessoalmente ofendida. “Não a processo enquanto servidora da prefeitura, mas por declarações que me ofenderam diretamente. Entre outras coisas ela alega que eu seria a pessoa por trás de perfis fakes em redes sociais e resolvi pedi que ela prove isso na justiça”, conta.
A reportagem tentou localizar o homem que aparece nas imagens, mas não conseguiu encontrá-lo. O assessor direto da prefeitura também não atendeu as chamadas da reportagem.