Há pelo menos duas razões para que o governador Rui Costa (PT) tenha se jogado de cabeça no empreendimento de se eleger senador, sem medo de ser feliz, mesmo à custa da candidatura ao governo do ex-mentor – como os últimos acontecimentos deixam claro – e antecessor Jaques Wagner (PT).
Uma delas é o medo de simplesmente ser eliminado da política, como num paredão do Big Brother. Sem mais o ombro amigo de Wagner – que o fez governador – nem laços políticos novos que o sustentem na atividade, em decorrência de seu temperamento apontado como difícil, Rui teme não poder mais atuar se ficar sem mandato.
Não é uma preocupação descabida. O outro motivo, igualmente importante, é assegurar o foro privilegiado, que lhe garante a chamada imunidade parlamentar. É no que todo gestor pensa para o momento posterior à saída de um cargo eletivo ou público, devido à complexidade das leis e da Justiça brasileiras, não raro injustas.
Não são poucos os casos em que alguns ficam meses, por vezes anos, enfrentando processos muitas vezes kafkianos, mais devido a falhas administrativas do que de desvios de recursos, para o que um mandato serve como uma espécie de anteparo para evitar punições que podem ir de ressarcimento à recomendação de prisão.
No caso de Rui, ainda que ele próprio tenha reconhecida fama de austero e seu governo expresse a mesma aura, houve a infelicidade do caso dos respiradores, da época da eclosão da pandemia da Covid-19, no qual seu ex-secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, foi envolvido, sem que se possa prever ainda seus desdobramentos.