O traficante Thomas Douglas Araújo dos Santos Silva, mais conhecido como Patolino, morto na manhã desta quinta-feira (18) em Capim Grosso, não ocupava a carta ‘2 de Ouros’ do Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) à toa. Com ao menos 10 anos de atuação no tráfico de drogas, o criminoso era natural de Serrolândia, mas promovia terror em diferentes cidades da região norte do estado.
De acordo com processos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), os quais a reportagem teve acesso, ele acumulava inquéritos por homicídios qualificados em diferentes cidades da região. Três desses episódios ocorreram em Mairi, enquanto outro aconteceu em Várzea da Roça.
Apesar disso, de acordo com fonte policial ouvida pela reportagem, o traficante orquestrava ataques em diversas cidades, incluindo Jacobina, onde foi preso pela primeira vez, em 2014. Inclusive, antes de ser localizado nesta quinta, Patolino se preparava para um novo ataque em Capim Grosso, segundo a polícia.
Há quatro anos, o traficante foi acusado de homicídio qualificado pelo assassinato de Allef Cruz Souza no dia 8 de novembro de 2020, por volta das 23h30, em uma praça do centro de Mairi. O criminoso teve a prisão preventiva decretada na época, de acordo com os autos do processo, por conta dos indícios de autoria e provas materiais.
Quando Allef foi morto, ele estava acompanhado do seu irmão e de um amigo. Ele foi surpreendido em um beco por dois homens que atiraram em seu rosto, braços e pernas. Os criminosos ainda não foram identificados pela Justiça, mas já se sabe que o crime ocorreu a mando de Patolino. A informação é de uma fonte da polícia, que terá nome e cargo preservados pela reportagem.
“Existia ali uma guerra entre duas facções criminosas da cidade pelo controle do tráfico de drogas. Este rapaz [Allef] virou alvo por vender drogas para um traficante conhecido como Jivaldo, em Mairi. Patolino entrou como investigado por ser um sujeito absolutamente perigoso, suspeito de mando em outros crimes contra a vida não só em Mairi como em outras cidades na região”, relata a fonte.
O traficante citado pela fonte, que era rival de Patolino, é Jivaldo Gomes de Almeida, que atua em Várzea da Roça e chegou a integrar o Baralho do Crime como o ‘8 de Paus’. Na época, Jivaldo era descrito como líder do BDM na região, enquanto Patolino integrava a Katiara, após deixar o grupo de Jivaldo.
Jivaldo, rival de Patolino, também integrou o Baralho |
Quando foi preso por mandar matar Allef, Patolino já tinha um outro mandado de prisão em aberto, este da 1ª Vara Criminal de Jacobina, que o denunciou por prática de homicídio na cidade. No mesmo mês, o traficante foi indiciado por outra morte em Mairi: a de Elielson da Silva dos Santos. O inquérito foi encerrado por falta de provas. Um mês depois, Patolino voltou a ser indiciado, agora em Várzea da Roça, pela morte de Vandilson dos Santos Silva, mas o inquérito também foi encerrado.
Antes disso, em 2017, Patolino fugiu da cadeia pública de Jacobina quando cumpria, desde 2014, pena por tráfico de drogas. No ano de 2021, a Polícia Civil concluiu outro inquérito contra Patolino através da Delegacia Territorial de Mairi por crime de homicídio qualificado contra duas vítimas.
Apesar do fechamento do inquérito, o processo ficou parado após novas diligências serem solicitadas pelo TJ-BA em 2022. No inquérito, o traficante foi investigado pelas mortes de Daniel Nunes de Araújo e Tais Pereira dos Santos.
Cleriston Silva